O Museu de Bebedouro foi reaberto em maio de 2017 em parceria com o Esplendor Clube do Carro Antigo, após revitalização do espaço. O local conta um pouco da histórica do antigomobilismo, com a evolução da indústria automobilística, aeroviária e bélica.
Com os carros expostos é possível fazer uma viagem ao tempo é observar as várias etapas que a indústria automobilística desenvolveu no decorrer dos anos, tanto em designer quando em potência dos motores. Modelos como Ford Tutor 1939, Ford De luxe Coupé 1940.
O acervo conta com algumas máquinas de guerra, como um canhão utilizado na 1ª Guerra Mundial. Um monomotor North American T-6 Texan que foi utilizado pela primeira formação da Esquadrilha da Fumaça, roupas de mergulho, dentro outros equipamentos bélicos.
A área externa conta com vários aviões, como o que transportou a seleção brasileira de 1970 – um marco para os amantes de futebol. Outra curiosidade é o avião civil de passageiros fabricado pela Svenska Aeroplan Aktiebolaget, em Linköping, Suécia, o Saab 90 Scandia, que voou pela primeira vez em e 1946 e finalizou suas atividades em 1969. O Museu de Bebedouro possuiu o único exemplar preservado, dos 16 construídos.
O Museu de Bebedouro está aberto à visitação de quarta-feira a domingo, das 9h às 17h. Os ingressos custam R$ 10, crianças até 12 anos acompanhadas pelos pais ou responsáveis não pagam. Idosos e estudantes pagam meia entrada.
Passeios escolares devem ser agendados por meio do telefone (17) 3343-1033. O Museu fica localizada na Praça Santos Dumont, s/no, na região do Lago Artificial de Bebedouro.
História
O museu nasceu da vontade de Eduardo André Matarazzo de expor ao público sua coleção particular de automóveis e maquinário antigo, amealhada da década de 1950 em diante. Neto do conde Francisco Matarazzo, patriarca da multimilionária e influente família ítalo-brasileira, e filho de Francisco Matarazzo Júnior, administrador das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, Eduardo, nascido na cidade de São Paulo em 1932, começou a se interessar por automóveis ainda jovem, quando participou de diversas corridas no Autódromo de Interlagos. Em 1953, aos 21 anos de idade, adquiriu um Isotta-Fraschini que precisava de reparos. Decidiu restaurar o automóvel por conta própria. No mesmo ano, adquiriu um Opel e um Mercedes-Knight. A partir de então, dedicou-se sistematicamente a ampliar sua coleção de automóveis, ao mesmo tempo em que se interessou pela restauração de tais peças, organizando paralelamente com essa finalidade uma biblioteca especializada, com guias, livros, catálogos, revistas e manuais.
Entre 1953 e 1955, Eduardo Matarazzo mandou construir, na ampla garagem de sua casa no Jardim Paulista, uma oficina subterrânea.[1] Também contratou uma equipe de mecânicos, funileiros, eletricistas e pintores para auxiliá-lo nas restaurações dos automóveis que adquiria para sua coleção. Nesse período, já havia em São Paulo um comércio de raridades automobilísticas e Eduardo se utilizava frequentemente dos serviços especializados prestados por profissionais que se dedicavam a rastrear exemplares raros na região. Por ocasião de suas constantes viagens de negócio à Europa e aos Estados Unidos, no desempenho de sua função de vice-presidente executivo das Indústrias Matarazzo, Eduardo aproveitava para visitar museus de automóveis e, por vezes, para adquirir peças importantes para os restauros que realizava no Brasil. Já bastante conhecido entre os colecionadores do gênero, exerceu o cargo de presidente do Automóvel Clube do Brasil em meados da década de 1950.
Entusiasmado com a instalação do museu em Bebedouro, Eduardo passou a adquirir diversos objetos para expor no museu. Inicia-se então uma prolífica fase de diversificação do acervo. Um artigo do jornal Gazeta de Bebedouro, já em 26 de julho de 1970, registra que o museu possui uma aeronave Douglas DC-3, um helicóptero, um tanque de guerra, dois veículos anfíbios e motores diversos. Para transportar as peças de São Paulo até Bebedouro, Eduardo mobilizava um grande aparato, que incluía a Polícia Militar e o Departamento Estadual de Trânsito. Em meados da década de 1980, Eduardo tornou-se presidente da companhia Frutesp de Bebedouro. Mudou-se então, junto com a família, para a cidade, instalando-se na Fazenda Santa Cruz do Pau d’Alho. Transferiu para a fazenda a oficina de restauração, de forma que pudesse continuar supervisionando a reforma de novas aquisições para o acervo do museu.
Apesar da dedicação que o fundador do museu devotava à coleção, muitos problemas surgiram com o tempo. Por um lado, a ausência de objetivos claros da instituição e a natureza ambígua do convênio público-privado que resultou na transferência do museu gerou muitas tensões entre a direção da instituição e a prefeitura de Bebedouro. Por outro lado, a gestão do museu acusa o município de descaso e de falta de apoio financeiro para a conservação da coleção. Estes problemas foram agravados em 1984, quando uma inundação danificou seriamente algumas peças do acervo. Uma segunda inundação, ainda mais grave, ocorreu em 2006, quando uma parede do museu cedeu em função da enchente e a coleção foi quase inteiramente danificada. Eduardo Matarazzo faleceu em 3 de março de 2002. Sua filha, Patrícia, foi indicada para substituí-lo na direção do museu.
Fotos: Fabiano Pimentel Grupo Antigos 014 de Marília-SP